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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Deus, Jesus, Satanás e o Papai Noel

AS : 08:36
Em :

Um ateu é como se fosse um ex-detento: um cara que conhece o presídio por dentro e por fora, mas que — por motivos óbvios — acha o lado de fora muito mais… interessante.
Hoje eu sou ateu, mas já fui católico “não praticante”, embora a coisa mais difícil do mundo seja encontrar um católico praticando os poucos bons ensinamentos de Cristo, a começar pelo papa. Talvez isso se deva ao fato do filho de Deus ter deixado apenas instruções muito confusas, ora falando como se fosse o Mestre dos Magos, ora ensinando coisas absurdamente contraditórias, como amar ao próximo e seguir as absurdas e saguinárias leis divinas ao mesmo tempo. Um católico não praticante é aquela pessoa que foi visitar um parente preso e resolveu ficar morando no presídio, porque acabou descobrindo que toda a sua família, todos os seus amigos e todo mundo que ela conhecia já estavam lá dentro.
Sendo ateu e ex-católico, eu posso assegurar que sei praticamente tudo o que se precisa saber sobre Deus e sobre Jesus Cristo. Sério. E, hoje em dia, graças à internet, mesmo que você não esteja seguro de alguma coisa sobre Deus ou Jesus, basta dar umas três ou quatro dedadas no seu tablet, que a informação que você precisa lhe chega às mãos, em qualquer lugar e a qualquer momento. Informação de onde? Da Bíblia. Procure em qualquer outra fonte que você estará cometendo um pecado digital.
Agora, se você estiver procurando informações sobre Satanás ou sobre o Papai Noel… Aí é bom consultar em outro lugar. O livro sagrado do cristianismo não trata desses assuntos. E deveria! Não com relação ao Papai Noel, mas a Satanás.
Se não fosse por Satanás a gente estaria numa boa! Não teria havido nenhum despejo do Paraíso, nenhum dilúvio, nem caça às bruxas, nem Inquisição, nem Cruzadas, nem 11 de setembro… Nem as Testemunhas de Jeová viriam me encher o saco todo domingo de manhã… É: sem Satanás, a gente já estaria no Paraíso. Ou, melhor dizendo, a gente AINDA estaria no Paraíso.

Pausa para algumas reflexões preocupantes… Se não fosse por Satanás, a gente nem mesmo estaria aqui. Deus teria ficado brincando de casinha só com Adão e Eva. Mas, como consequência desse pensamento, me ocorre que não há qualquer dica no relato bíblico de que aquela serpente era o Diabo. Lá só diz que a serpente era “o mais astuto dos animais…”. Talvez fosse “o único” animal astuto, na verdade. Em todo caso, não é seguro dizer que era o Cão.
Mas a questão é que a Bíblia não fala nada de aproveitável sobre o arqui-inimigo do Criador. E não quero nem entrar agora no mérito de um ser todo-poderoso ter um arqui-inimigo a lhe atrapalhar os planos o tempo todo… Mas, enfim… Tá querendo saber alguma coisa sobre Satanás? Vai lá na Wikipédia.
A essa altura, o cristão já deve estar fazendo força para lembrar do livro, capítulo e versículo da Bíblia em que leu alguma coisa sobre uma revolta das criaturas celestiais comandadas por Lúcifer, que culminou na expulsão do Céu da terça parte dos anjos e tal… Será que tem algo parecido em Apocalipse? Algo parecido, sim; mas esse livro supostamente trata do fim das coisas e não do seu início. O Anjo Caído é uma fábula hebraica que fazia parte de uma coleção de estórias contidas num livro reconhecidamente literário — leia-se: não divino — chamado Livro de Enoch.
Satanás não era o “Diabo” até Jesus Cristo ter vindo fofocar dele aqui na Terra. Antes de ter sido difamado pelo Filho do Homem, o Coisa Ruim era descrito na Bíblia como sendo um dos anjos que frequentavam o gabinete divino; quase um assessor, como bem demonstra o livro de Jó.
“Nossa, mas por que Jesus teria feito isso?“, você pergunta. E eu respondo. Quem escreveu as falas de Jesus Cristo, estava, na verdade, corrigindo um problema — um bug — que fatalmente não passaria desapercebido pelas gerações futuras: o Deus do Antigo Testamento, sendo único, fazia tudo sozinho: coisas ruins, principalmente. Foi Deus quem “tentou” Davi e Samuel, por exemplo; e foi Deus quem disse:

Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas. (Isaías, 45:7)
Ah, Deus… Que feio!!
Por isso que tiveram que inventar um… um… um o que, meu Deus?… Um negativo, um opositor, um rival, um desafiante, um oponente, um adversário, um bandido, um vilão. Enfim: uma desculpa.
Foi quando pegaram emprestado esse Satanás das fábulas que os hebreus já conheciam.
Nós, ateus, entendemos que o Jesus que andava sobre as águas é um personagem fictício. Os cristãos, por seu lado, entendem que Jesus foi realmente quem a Bíblia diz que ele foi. Mas como a Bíblia não diz que o Diabo é o que os cristãos achavam que era, eles acabaram se vendo diante de outro bug, só que esse impossível de se corrigir: toda a doutrina de “Salvação” sobre a qual se baseia a mensagem do Homem de Nazaré teria como objetivo nos livrar das garras de um ser tão mitológico quanto o Papai Noel.

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